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ANA RÚBIA




Diego Baraldi e Íris Alves Lacerda, MT, 15min



Onde estão as Ana Rúbias?

De acordo com o ANTRA, Associação Nacional de Travestis e Transexuais, cerca de 90% da população trans está na prostituição. Mas e os outros 10%, onde estão, o que os diferencia dos demais?


Uma pessoa que foge das estatísticas e faz parte desses 10% talvez seja aquela mulher de cabelos cacheados que toma banho de cachoeira. Aquela que bebe uma cervejinha ao som da Banda Djavú. Aquela mulher que curou suas cicatrizes e juntou forças para curar as feridas de outras. Ana Rúbia.


Na garupa de uma moto, com carburador concertado, Íris Alves e Diego Baraldi nos levam até Rondonópolis(MT) e nos apresentam a doce, inteligente e encantadora Ana Rúbia. Uma mulher trans que está se preparando para o lançamento do livro Memórias escolares de travestis: narrativas de um "não lugar".


Com orelha de livro e tudo, Ana Rubia rompe os estigmas e é mais uma nessa imensa engrenagem do cinema que aos poucos foge do estereótipo criado em torno de pessoas transgênero. Se entendermos estereótipos como a redução da subjetividade do indivíduo ao que é essencial, precisamos questionar quem definiu o que era essencial sobre corpos trans.


Algo muito sutil e apresentado com muita naturalidade é a tranquilidade com que Ana Rúbia acessa espaços como a igreja e lá é ouvida. Uma escuta atenta, precisa. Naquele espaço ela é apenas mais uma pessoa falando sobre fraternidade e acolhimento.

Ainda no ambiente da igreja, ao apresentar seu livro, a personagem fala sobre a formação do indivíduo e os reflexos na vida adulta de violências e maus tratos sofridos na infância. Em tudo sobre o amor, Bell Hooks nos fala que se quisermos uma sociedade justa e aprazível para todos os indivíduos precisamos desfazer a ideia de que abuso e negligência podem coexistir com o amor. Precisamos olhar com carinho para nossas crianças.


Ao ocupar espaços inéditos ou pouco frequentados, a obra ainda nos convida a refletir sobre onde estão aquelas que não aparecem. Somos instigados a pensar nas pessoas que estão na invisibilidade. Mais que um ditado popular, a frase: é preciso ser visto para ser lembrado, aqui cabe perfeitamente pois precisamos resgatar essas vozes que foram por muito tempo abafadas para que suas histórias sejam contadas.

A palavra de ordem é: RESISTIR AO ESQUECIMENTO. Seja através de livros, curtas-metragens, produção de ciências, personagens ou Mostras de Cinema.




Texto produzido como produto final da oficina de crítica cinematográfica ministrada por Cecília Barroso durante a programação da 3ª Macambira - Mostra de Cinema de Mulheridades e Dissidentes de Gênero. Autoria de Carolina Tavares e Revisão Rosy Nascimento.


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